No meu último post ofereci uma definição de capitalismo baseada nos conceitos de escolha pessoal, trocas voluntárias, liberdade de competição e direitos de propriedade privada. Em resumo, um capitalismo liberal ou uma sociedade de livre mercado. Neste post eu gostaria de começar a desfazer alguns mitos, equívocos e objeções comuns ao capitalismo (se entendido nos termos que defini anteriormente). A lista não é exaustiva, mas acredito que cobre bastante terreno da discussão. Aí vai:
- Ser pró-capitalismo é ser pró-grandes corporações.
Adam Smith observou que empresários dificilmente se encontram para eventos sociais, mas que quando se encontram não conseguem evitar combinar meios de evitar a mútua concorrência. Empresários (especialmente donos de grandes corporações) tendem a não gostar de concorrência. É compreensível. A maioria de nós também preferira não ter colegas de trabalho com quem competir, assim como vários corredores hoje gostariam que Usain Bolt não existisse. O capitalismo liberal, no entanto, é um sistema de perdas e ganhos. Numa economia verdadeiramente livre de intervenção do estado é improvável que corporações se tornem desproporcionalmente grandes. A tendência é ao nivelamento.
- O capitalismo gera uma distribuição de renda injusta
Uma das grandes objeções ao livre mercado é a desigualdade de renda. No entanto, nenhum sistema econômico na história foi tão eficiente em retirar pessoas da pobreza quanto o capitalismo. Numa economia verdadeiramente livre a desigualdade existe e é basicamente inevitável, mas não é nada quando comparada a sociedades que optam pelo controle estatal da economia. China, URSS e Cuba são os países mais desiguais da Terra.
- O capitalismo é responsável por crises econômicas, incluindo a mais recente
A crise de 2008 foi causada por intervenção do governo norte-americano nos setores bancário e imobiliário. Sem intervenção do governo, instituições financeiras teriam um comportamento mais cuidadoso e a crise seria evitada. A mesma observação vale para basicamente qualquer crise econômica dos últimos 200 anos.
- Capitalismo explora os pobres
A livre concorrência, por definição, não é um sistema de exploração. Quando eu pago cem reais por um par de sapatos, isso significa que eu valorizo mais o par de sapatos do que os cem reais. O sapateiro, por sua vez, valoriza mais os cem reais do que o par de sapatos. Isso não quer dizer que não existam vendedores inescrupulosos, ou que não existam compradores injustos. Mas numa sistema de livre concorrência as possibilidades de fraude são mitigadas justamente pela concorrência: se o produto ou serviço não agrada ao consumidor, há sempre a possibilidade de procurar a concorrência. Em resumo, no capitalismo o consumidor é rei. Para concluir este ponto, apenas uma observação: o salário é nada mais do que o preço que se paga pelo trabalho de uma pessoa. E as mesmas observações se aplicam.
- Capitalismo é injusto
Algumas pessoas nascem com deficiências. Algumas pessoas nascem em famílias pobres ou desestruturadas. Isso é injusto? Por quê? Uma definição clássica de justiça é “dar a cada um o que lhe é devido”. O que nós é devido? O que nós merecemos? Eu merecia ter nascido com boa saúde? O que eu fiz para merecer isso? Estas perguntas facilmente nos levam a grandes indagações filosóficas e teológicas, e logo demonstram o quanto a acusação de injustiça numa economia livre é superficial. Ainda assim, nenhum sistema político ou econômico permite a ajuda aos desfavorecidos como o capitalismo. Se você considera injusto que existam pessoas sem dinheiro, sem saúde ou sem famílias estruturadas, sugiro que seja coerente e use mais do seu tempo e dinheiro para ajudar estas pessoas.
- Capitalismo não traz felicidade
Pensando num sentido aristotélico, felicidade possui significados diferentes para cada um. Para um cristão significa ter um relacionamento pessoal com Deus através de Jesus Cristo. Provavelmente um não cristão não irá concordar com este conceito de felicidade. Dito isto, a liberdade econômica não tem como objetivo trazer felicidade para qualquer pessoa, e assim é injusto culpá-la por algo que não propõe fazer. Porém, dentro de um sistema de liberdade econômica a tendência é que a liberdade para a busca da felicidade também esteja presente. Além disso, com liberdade econômica é mais provável que consigamos buscar nossa felicidade através da criação de uma família, do envolvimento com instituições religiosas, ou mesmo ficando ricos simplesmente.
- Capitalismo não é estético e é poluidor
Os países mais poluidores do século 20 foram URSS e China. Proporcionalmente ao tamanho da sua população, EUA está longe do topo desta lista. Quanto ao fator estético, sugiro pesquisar por imagens da Alemanha Ocidental e da Alemanha Oriental, ou da Coreia do Sul e da Coreia do Norte. Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê, mas me parece bastante óbvio que esta acusação estética é simplesmente falsa.
- Corporações são cheias de escândalos e extorsão
Com certeza elas são. Mas possuem o mesmo nível de corrupção de governos? A matemática é bastante simples: quanto mais governo, mais corrupção. Além disso, com uma corporação é possível simplesmente levar o dinheiro embora dali. Governos não são tão permissivos com evasão de impostos. A proposta de criação de mais sistemas de vigilância governamental apenas aumenta o tamanho do governo e as possibilidades de corrupção. A ideia de transparência e de consulta popular também é simplesmente falsa: a não ser que possamos passar 24 horas de nossos dias vigiando os governantes, estes sistemas simplesmente não terão possibilidade de funcionar. A solução mais simples continua sendo menos governo.
Há mais alguns tópicos que podem ser acrescentados e que deixarei para um futuro post. Por enquanto basta dizer que capitalismo (definido como livre mercado) pode ser bastante diferente daquilo que popularmente se entende.
Para saber mais:
An excellent job of debunking many common myths regarding capitalism.
Thanks John. Wait for part II and then some myths about socialism.
Rosi,
algumas questões que não considero resolvidas:
– Como evitar que empresários ou grandes corporações não criem meios de evitar a livre-concorrência? Quem criará os mecanismos para impedir isto? Este não seria o papel regulador do um Estado? Como isto seria feito em uma economia livre da intervenção? Que situação real pode ser exemplificada para dizer que “a tendência seria o nivelamento”?
– Que índice está sendo utilizado para afimar que “China, URSS e Cuba são (ou foram, no caso da URSS) os países mais desiguais da Terra”?
– Exemplos de trocas como o sapaterio/comprador de sapato ou do produtor de maçãs/comprador de maçãs podem ser didáticos, mas eles estão longe de expressar a complexidade das transações da economia atual. Entre outras coisas, porque este exemplo atribui aos dois agentes envolvidos na troca posições de poder equivalentes. E como estas relações de poder tendem a não ser equivalentes no mundo real, as possibilidades de trocas desfavoráveis para um dos envolvidos aumenta muito.
Por exemplo, você afirma que “se o produto e o serviço não agrada ao consumidor, há sempre a possibilidade de procurar a concorrência”. Sempre? Como é possível afirmar isto? E se eu não puder atender ao preço que o menor dos concorrentes cobra pelo serviço? Fico sem? Isso vale para água, comida e moradia?
– As mesmas questões se aplicam ao salário. Como enxergar esta troca em uma relação em que o nível de poder dos envolvidos não é o mesmo? Ela continua sendo uma troca favorável para os dois lados?
PS: Parece-me que sempre que a troca for realizada você argumentará que ela foi favorável, pois caso contrário ela não teria sido feita. Não considero que este argumento seja correto, pois como ele está baseado no fato em si, impede qualquer tipo de contra-argumentação.
– Em uma economia globalizada, como mensurar a poluição provocada por um país? Como comparar a poluição dos Estados Unidos com a da China? Uma empresa de capital majoritariamente vindo de uma páis X em solo de um país Y, produzindo coisas consumidas em um país Z é poluição atribuída a quem?
Resposta
Como diria Jack, “vamos por partes”:
– O meio mais eficaz de evitar a concorrência é usar violência física contra a concorrência incipiente. Este uso de violência está descartado como ilegítimo no livre mercado. Os mecanismos são de dois tipos: normas e tecnologias. Há diferentes teorias a respeito da origem das normas. Eu sigo o raciocínio de que as únicas normas que realmente importam tem origem transcendente. Outras pessoas seguem outras hipóteses. Quanto às tecnologias, sou minarquista: acredito num estado mínimo que faça cumprir as normas. Anarcocapitalistas acreditam que dentro da livre concorrência existem mecanismos que já fazem isso (Murray Rothbard e muitos membros atuais da Escola Austríaca pensam assim). O histórico de diferentes países demonstra que em situações de mínima intervenção do estado sobre a economia há essa tendência ao nivelamento. Thomas DiLorenzo tem publicado coisas assim a respeito dos EUA no século 19.
– quando eu disse que China, URSS e Cuba são os países mais desiguais da Terra eu não estava usando linguagem analítica, mas analógica. Se formos completamente precisos, URSS nem existe mais. Meu ponto é que em países com economias planificadas as desigualdades são maiores. A observação neste ponto é que para alcançar igualdade econômica é necessário ter desigualdade de poder. O que se observa ao longo do tempo é que países que seguem este caminho terminam com enormes desigualdades, tanto econômicas quanto de poder. Fidel Castro vive um padrão de vida completamente diferente da população cubana em geral.
– Exemplos de trocas como o sapateiro/comprador de sapato além de serem didáticos ainda representam uma grande parte da economia atual. Para citar apenas um exemplo, a maioria das empresas no Brasil são de pequeno porte (as chamadas microempresas). Fora isso, é preciso definir o que é poder. Uma definição clássica é “fazer outros obedecerem a sua vontade”. Neste sentido, a maior expressão de poder que há é a força física. Seguindo esta definição, o estado é poder. O estado é violência. Na definição clássica de Max Weber, o estado possui o monopólio do uso legitimo da violência. No livre mercado o uso da violência está descartado, como já expus acima, e assim a tendência é sim ao nivelamento do poder entre os indivíduos.
– pressupõe-se que no livre mercado eu sou livre para procurar a concorrência. Poderia discutir também o conceito de elasticidade: a possibilidade de procurar um substituto semelhante. Exemplo: ainda que na minha cidade haja apenas um vendedor de suco de laranja, é provável que eu possa beber suco de maçã. Além disso, é necessário observar que a economia é a gestão de recursos escassos a que temos acesso. Sim: há casos em que um indivíduo não terá acesso à “água, comida e moradia”. Se há pouca água, pouca comida ou pouca moradia, não é possível prometer que todos terão estas coisas, por mais que nosso desejo fosse diferente. Outra observação: uma troca necessariamente ocorre entre desiguais. Iguais não fazem trocas, pois não possuem nada para oferecer um ao outro que o outro já não possua. Mas suponho que a preocupação aqui é com desigualdade econômica, mais exatamente um pobre trocando com um rico. Um pressuposto central do livre mercado é que não se pode usar violência física. Neste sentido, por menor que seja o salário pago ao pobre, ou maior que seja o preço cobrado por um produto ou serviço, nunca pode haver coerção física. Se houver, não se trata mais de livre mercado. E neste cenário aparece a possibilidade de concorrência oferecendo preços menores ou salários maiores.
– Mais uma vez, devo dizer que poder é um conceito que precisa ser melhor explicado. Mas se a preocupação é com patrões inescrupulosos pagando salários muito baixos, ou empresários inescrupulosos cobrando preços muito altos, que as pessoas não poderão pagar, a resposta é a seguinte: numa sociedade de livre mercado está aberta a possibilidade de concorrência. O dono de uma fábrica pode pagar salários muito baixos, mas apenas enquanto o dono de outra fábrica não oferecer salários mais altos. Os donos de diversas fábricas estão competindo pelos mesmos trabalhadores. A noção marxista (a que muitos de nós fomos expostos, você parece ser um deles) de que os donos das fábricas terão um exército de mão de obra disponível e disposto a trabalhar por qualquer salário é simplesmente errada. Em um post futuro pretendo fazer uma breve exposição da teoria econômica marxista e explicar onde ela está errada. Por enquanto basta dizer que numa economia de livre mercado as ofertas de emprego não param de surgir, o que faz com que empresários tenham que competir com outros empresários pela oferta escassa de trabalhadores oferecendo condições de trabalho menores. Uma alternativa é a formação de oligopólios, mas uma vez mais esta possibilidade é dificultada pelo livre mercado: há a possibilidade do surgimento de empresários que não fazem parte do oligopólio. Eventualmente o oligopólio precisa recorrer à violência para ser mantido. A melhor forma de violência é o próprio estado, uma forma legitima de violência. Algumas sugestões:
– e não: eu não penso que todas as trocas são igualmente favoráveis para os dois lados. A economia já foi chamada de “ciência triste” por ser um balde de água fria em nossas expectativas mais otimistas. Ainda assim, sigo a visão de Adam Smith (que acredito, poderíamos chamar de realismo otimista) de que a livre concorrência ao longo do tempo tem o poder de mitigar a miséria. Ao longo do tempo. Mas curiosamente estaremos sempre insatisfeitos.
– quanto à poluição, meu raciocínio básico é que a poluição realizada no território de um pais é responsabilidade daquele país. Estou pensando em país como sinônimo de estado, na linguagem usualmente utilizada em Ciência Política e Relações Internacionais: um território com uma população razoavelmente fixa e um governo centralizado. O governo se faz responsável pelo território e por aquilo que ocorre dentro dele. A URSS poluiu enormemente seu território (isto pode ser medido detritos lançados em rios, solo e atmosfera) basicamente sem exportar nada para ninguém. Ver o exemplo do Mar de Aral.
No mais, este texto não foi escrito em linguagem acadêmica. É sempre difícil expor os pontos em 800 ou 1000 palavras. Minha sugestão (e expectativa) é sempre que os leitores usem o texto como um pontapé inicial para um maior aprofundamento no futuro. Daí inclusive as sugestões de vídeos no final.
Rosi,
primeiramente, desculpe a frieza das palavras aqui digitadas. Ao responder, meu objetivo não é impor minha visão ou provar que o outro está errado. Estou procurando apenas dar continuidade ao debate no sentido bom do termo, pois acredito que opiniões diferentes me levam a rever alguns posicionamentos.
Embora já conversemos há algum tempo, talvez você não conheça exatamente o que eu penso sobre economia e política. Mas acho importante destacar que não defendo regimes totalitários como da URSS, China ou Cuba. Não defendo a abolição do capital privado. Não defendo planificação da economia. Já li Marx e também alguns críticos de seu pensamento que mostram seus equívocos (embora sua análise tem aspectos interessantes). Parece-me que você me vê como “socialista”. Honestamente, não sei em qual rótulo o que penso se encaixa (e talvez isso não seja tão importante, um vez que você mesmo me mostrou a noção de “conceito espantalho” ao falar sobre “neoliberalismo”).
Bom tentando esclarecer um pouco o que escrevi antes. A ideia de “poder” que utilizei foi justamente a que você descreveu “fazer os outros obedecerem à sua vontade”. Ou, em outras palavras, “em uma relação de trocas com interesses divergentes, impor as suas condições”. Uma expressão de poder é a força física, mas não a vejo como única. Acredito ser possível imaginar uma série de situações em que o poder é exercido sem a necessidade de força física.
Imaginemos uma situação em que esteja andando de carro e meu carro quebre no meio de uma estrada deserta. Um guincho mecânico está passando e, ao me ver, pára e oferece o reboque em troca de um preço absurdo. Nesta relação de troca, o poder entre os envolvidos me parece ser bem diferente. Eu posso esperar aparecer outro guincho? Posso. Mas é racional fazer isto ou devo aceitar as condições que estão sendo impostas (sem uso de coerção física)?
(sobre o uso da violência pelo estado, deixamos para outro dia)
Daí minha dificuldade em compreender os benefícios do livre mercado. Ele pressupõe que “todos são livres para procurar a concorrência”. Até que ponto somos realmente “livres”? Quando da troca envolvida depende o ganho material para nossa sobrevivência, somos realmente livres? A possibilidade de abrir mão de uma troca confere poder a uma dos agentes envolvidos, não?
[Aqui existe um dilema que eu não consigo compreender: a sociedade de livre mercado pressupõe a existência de concorrência. Ela precisa existir para o mecanismo proposto funcionar. Mas, ao mesmo tempo, ela coloca a concorrência como uma conseguência da adoção do livre mercado. Ela é condição e produto? Não seria isto tautológico?]
Reconheço que o Estado é uma fonte de poder, daí os perigos de um estado gigante, que pode ser controlado por grupos que irão impor (às vezes com o uso de violência, mas não necessariamente), seus interesses aos demais. Mas me parece forçoso reconher que existem estruturas de poder que são estabelecidas na sociedade civil e que perpassam o aparelho estatal. Podemos fazer alguns estudos de caso: empreiteiras que foram favorecidas pelo governo brasileiro nos últimos anos (i) tem poder pois foram privelegiadas por medidas adotadas ou (ii) estiveram em “íntima sintonia” com o governo por terem poder e conseguir eleger seus representantes? Uma análise de grupos representados no congresso pode trazer questões interessantes sobre isto.
Neste sentido, entendo que a redução ao estado mínimo tende a favorecer os atores que detêm o poder nas trincheiras da sociedade civil. Diferença de poder que tenderia a ser perpetuada.
Acho que é importante destacar também que problematizar a desigualadade de renda é diferente de impor uma igualdade de renda para todos. Entendo como o papel central de um estado democrático adotar medidas políticas que possibilitem a diminuição desta desiguladade. Já li alguns estudos que mostram que os mecanismos econômicos puramente não explicam os períodos de redução da desiguladade de renda que foram observado no século XX, mas associam estes a adoção de medidas políticas.
Apenas mais algumas questões:
– Quando escrevi sobre o exemplo de compra e troca, quis dizer que mesmo em pequenas empresas, existem vários intermediários entre o produtor e o consumidor. Além disso, mesmo pequenas empresas possuem uma rede de fornecimento de materiais que é muito mais complexa e que envolve um número muito maior de pessoas, não? Pensemos em uma padaria de família que é influenciada pelo trigo commoditie. [Atualmente existem movimentos de aproximação entre produtor e consumidor que acho muito bacanas]
– A ideia de um exército de mão de obra disponível de fato não dá conta da especilização e qualificação do trabalho que aconteceu com o passar do tempo. Para um excelente empregado que realiza um serviço fundamental, o empregador não pode abrir de suas funções (aqui entendo o poder entre os agentes da negociação como mais equivalente). Mas e nas atividades não especializadas? Analisemos estudos de caso com a terceirização de serviços. Quais serviços são terceirizados? Qual a rotatividade dos empregados nestes serviços? Qual o impacto ao longo do tempo no salário pago por estes serviços?
– Trabalhamos com noções diferentes do que seria um direito. Provavelmente você entende que o único direito seria o da propriedade quando afirma que “há casos em que um indivíduo não terá acesso à ‘água, comida e moradia'”, enquanto eu tenho uma visão de direitos fundamentais mais amplo. São concepções diferentes.
– Em relação a poluição e impactos ambientais, também concordo que o estado é reponsável pelas medidas que adota. Mas seria ele o único? E os outros responsáveis? A ausência ou diminuição do estado resultaria em impactos menores? Para analisar este tema, me parece ser fundamental trabalhar o conceito de “externalidades”, o que implica na responsabilização de outros agentes (os produtores e consumidores, por exemplo). Existem diferentes instrumentos de gestão ambiental que procuram dar conta desta questão. Instrumentos de mercado são importantes aqui, embora não dêem conta de tudo e devam atuar em conjunto com outros instrumentos. Mais uma vez, aqui parece ser importante a atuação de mecanismos de regulação do mercado.
– E por fim, regulação do mercado também é feita pelo consumidor, mas entendo que existe um limite para isto. Tenho dificuldade em reconhecer o consumidor como “rei”. As empresas reconhecem que podem influenciar gostos e preferências. O gasto que é feito em estratégias de marketing é elucidador sobre isto: do contrário, seria dinheiro jogado fora.
Desculpe o texto longo, mas reforço o que escrevi no primeiro parágrafo.
Abraço cordial e bom dia!
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