When are safe places okay?

I am against the idea of safe places (see my previous post on the issue), especially in academia. I believe that if an idea is worthwhile it should be able to survive critic from all sides and safe places, regardless of their intent, hamper that process. How can you critic something if you aren’t supposed to even acknowledge its existence?

I also believe that, if our pluralistic society is to continue, we need to be able to empathize with those who are our intellectual opponents. I’m not saying we should become Marxists and rename the site The People’s Notes. Nor should we become Trumpistas. However we should be able to break bread with non-liberals and hear their side of the story out. We can continue to disagree with them, but we need to be careful to not de-humanize someone because of their ideological leanings. Safe places make this hard to do. If X group isn’t politically correct to talk about, much less with, how can we learn about them?

Safe places are, in more than one way, harmful to a free society.

-But they may still have a place in a free society.

Why the change of heart? It is this whole Trump fiasco. If you haven’t read them yet, several NoL bloggers have written about it here, here, here, etc.

I have seen several extreme reactions to the election of Trump, including quite a bit of anger and sadness. I cried for a good six hours myself when I saw the election results; as I’ve mentioned before I’m an illegal alien and so there is a very real chance I’ll be deported and torn away from the country I’ve loved since childhood. After drying up my eyes though I put that aside and went back to work. How I see it, as liberals we are constantly fighting against anti-liberal forces.

Am I sad that Trump won? Yes, but Hillary wasn’t an angel either. Before Trumpistas we had to fight Communists, Fascists, and every other type of ‘ists’ imaginable. After the Trumpistas are defeated we will have new enemies pop up. I am optimistic that in the grand scheme of things the future is better than the past, but I don’t think we will ever be rid of anti-liberal thought. Equilibrium is an illusion.

But I digress. I went back to work after my crying session, but many others around me didn’t. They couldn’t. And we shouldn’t try to force them to.

I still think safe places are a bad idea in so far that we are concerned about promoting free discussion and would never want to go into one. However maybe I can tolerate one or two of them if they help others improve their mental health. Maybe I can use ‘undocumented’ instead of ‘illegal’ if people are really that emotionally disturbed by it. Maybe I can use someone’s preferred pronoun if ‘he’ really hurts them that much. Maybe I can keep my mouth shut and just listen to someone who is in pain.

I think that in the long run we need to be able to stand up to our critics. If you’re gay, you’ll eventually find someone who goes out of their way to tell you your leading a sinful life. If you’re a woman and feel that the patriarchy is why you’re paid less, an economist will eventually lecture you on why that’s wrong. Infantilizing people doesn’t help them. The world is tough, and you need to be rough to survive it. 

However if someone needs a bit more time before they go out and face that world, is it wrong to provide a safe place for them until they feel ready? If I want to make a controversial remark, maybe I shouldn’t do so in the middle of the class. Maybe I should just blog it on NoL.

As always thoughts and comments are always appreciated.

Cristianismo, socialismo, heresia e vale da estranheza

Eu sou viciado em YouTube. Uma das coisas que mais gosto de fazer nas horas livres é assistir vídeos, e assim, ao longo dos anos tenho aprendido muitas coisas novas. Um dos meus canais favoritos é o Vsauce, um canal de popularização de ciência, ou uma versão para jovens e adultos de O Mundo de Beakman. Foi num vídeo do Vsauce chamado “Why Are Things Creepy?” que aprendi o conceito de uncanny valley. Creepy é uma palavra inglesa de difícil tradução para o português. Alguns traduzem como assustador ou arrepiante, mas penso que isso não traz o significado exato. Creepy é algo que causa uma sensação desagradável de medo ou desconforto. Uma arma apontada para você é assustadora, pois é uma ameaça clara à sua integridade. Creepy é usado para coisas que não são ameaças óbvias, mas que ainda assim causam desconforto. Um bom exemplo é o uncanny valley.

Uncanny valley é igualmente um conceito de difícil tradução. O artigo em português da Wikipédia traduz como vale da estranheza. Provavelmente é um falso cognato, mas canny me faz lembrar canonical, e assim quando ouço ou leio uncanny valley penso em vale não canônico, ou vale fora do padrão. Talvez seja minha confusão entre inglês e português, mas me ajuda a compreender melhor o conceito. Uncanny valley é um conceito criado pelo professor de robótica, Masahiro Mori e utilizado atualmente na robótica e na animação 3D para descrever a reação de seres humanos a réplicas humanas se comportam de forma muito parecida — mas não idêntica — a seres humanos reais. Derivado do conceito há a hipótese de que “à medida que a aparência do robô vai ficando mais humana, a resposta emocional do observador humano em relação ao robô vai se tornando mais positiva e empática, até um dado ponto onde a resposta rapidamente se torna uma forte repulsa”. Ou seja, réplicas humanas quase reais são muito creepy: elas causam alguma repulsa, embora a razão da repulsa não seja clara. O fato é que sabemos instintivamente que um robô ou um personagem de animação 3D não é um ser humano real, por maiores que sejam as semelhanças com um.

Os conceitos de creepy e uncanny valley me vieram à cabeça pensando a respeito de socialismo e cristianismo. A meu ver o socialismo é uma heresia do cristianismo. Mas uma maneira mais popular que pensei de falar isso é dizer que o socialismo é um clone deformado do cristianismo que causa essa sensação de creepy. É um robô ou um personagem 3D que tenta copiar a coisa real, mas instintivamente sei que não é a mesma coisa. A diferença é que Masahiro Mori acredita que o uncanny valley pode ser superado, levando inclusive à interessante hipótese de não podermos mais distinguir entre o que é um ser humano natural e um ser humano artificial. Já o socialismo jamais irá se equiparar ao cristianismo desta forma. Ao contrário: num estágio inicial o socialismo se parece com o cristianismo, e pode causar alguma empatia. Porém, quanto mais o socialismo se aprofunda, mais seu caráter artificial causa repulsa a quem conhece bem o cristianismo.

Para ser totalmente honesto, estou consciente de que há variedades de socialismo e não quero cometer a falácia do espantalho. O socialismo que tenho em mente consiste numa preocupação com os mais pobres e num desejo por mais igualdade econômica e social. Considerando o que ouço de pessoas ao meu redor, este é o socialismo corrente, e não o marxismo. A maioria das pessoas não leu Marx e não conhece realmente a definição de socialismo dele. Seria interessante saber o que aconteceria caso conhecessem. Seja como for: esta preocupação com os pobres e este anseio por maior igualdade econômica e social também está presente no cristianismo. Na verdade, se você não tem uma preocupação especial com os pobres, você não pode ser chamado de cristão. Porém, as semelhanças são superficiais. O cristianismo possui uma densidade e profundidade ausentes neste socialismo que descrevi. O cristianismo é a coisa real. O socialismo a cópia infeliz que causa repulsa.

Dentro da perspectiva cristã as causas para a pobreza podem ser muitas, variando entre a injustiça e a preguiça. As soluções também são variadas, e vão de alguma ação do governo à caridade ou simplesmente disciplina. A antropologia cristã é extremamente densa, marcada especialmente pelo conceito de pecado original. Somos criados à imagem e semelhança de um Deus perfeito, mas também somos adulterados pelo pecado. Na concepção calvinista, totalmente depravados. Na concepção luterana, ainda que convertidos ao cristianismo e salvos, justos e pecadores. Outro conceito profundo do cristianismo, especialmente do calvinismo, é a dinâmica relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana. Em geral esta discussão vira os olhos das pessoas, mas esta é apenas uma demonstração de como o cristianismo é profundo ao tratar da nossa condição de indivíduos racionais, tomando decisões, mas confrontados com situações que estão além do nosso controle.

Mesmo pensadores não cristãos têm sido beneficiados ao longo do tempo por autores clássicos como Agostinho, Tomás de Aquino, Pascal e João Calvino. Seus insights a respeito da natureza humana e da fragilidade da nossa existência são densos como chumbo. Em comparação, o socialismo, sendo o sofisticado marxismo acadêmico ou a versão mais popular, são apenas cópias superficiais e sem a mesma essência.

Se você não tem uma preocupação especial com os pobres e um desejo por justiça social, você não pode ser chamado de cristão. Ainda que você não seja cristão, a filosofia produzida por cristãos ao longo de 2 mil anos pode ser uma rica fonte de reflexão a respeito da nossa vida como indivíduos ou em sociedade. Caso você se considere cristão e socialista, você certamente ainda não conhece realmente uma dessas duas coisas. Ou as duas. Caso você se considere socialista por se preocupar com os pobres e ter um desejo de justiça social, suas ideias e sua ação podem melhorar muito se você desviar o olhar do clone e olhar para a coisa real.