Pois é, leitor. Sempre que alguém vem a BH eu fico sem saber o que dizer. Aqui, convenhamos, não tem nada. Nada mesmo. Mas aí o setor privado, muito mais do que esta prefeitura ineficiente (vem assim desde a época do Célio de Castro e seus sucessores, mas não era muito melhor antes…enfim…), consegue me salvar.
Bem público produzido pelo setor privado com motivos “egoístas” (se ganhar dinheiro para pagar as contas é egoísmo, então Luis F. Verissimo e eu somos os mais egoístas do mundo…junto com você, leitor). Exemplo que poderia estar em qualquer livro-texto de Economia. Gostei tanto que fiz todo um malabarismo para comer na bandeja sem sujar o sanduíche e as fritas (e, sim, eu consegui fazer isto!) para guardar esta excelente peça de propaganda.
Aliás, gostei tanto que a empresa ganhou o direito a uma propaganda gratuita aqui.
E agora, para algo mais técnico…
O que é um bem público? Antes que você pense no senso comum, esta é uma definição técnica, um conceito teórico. Um bem público é um bem não-excludente e não-rival. O melhor exemplo disto está no livro-texto do Mankiw. Uma estrada com pedágio é excludente (sem pedágio, portanto, não-excludente). Uma estrada congestionada é rival (porque o espaço entre carros diminui. O consumo do mesmo pedaço de chão é rivalizado com outro motorista e seu pequeno SUV…). Sacou?
Bom, então fica meio óbvio – ou então você dá uma pesquisada na internet, ok? – que alguém que busque lucrar não tem muito motivo para produzir um bem público…em princípio. Por que? Porque não dá para lucrar tanto quanto se você produz um bem privado (rival e excludente). Claro que esta classificação do bem ou serviço em “privado” e “público” é uma questão de grau (além do fato de existirem bens rivais, não-excludentes e não-rivais, excludentes). Mais ainda, o grau pode ser alterado conforme a tecnologia mude. Pense no caso da TV. Há algumas décadas, era impossível vender um pacote de canais como um bem privado (o que se fazia era vender um bem público (o pacote de canais) com um financiamento via propaganda).
O que isto tudo tem a ver com o McDonald’s? Simples. A informação turística é um bem público. Supostamente, o governo poderia criar uma secretaria de turismo (esqueçam a ironia da coisa…ou melhor, dêem uma boa risada e prossigam) para prover os turistas de informações como esta. Bem, a coisa mais difícil do mundo é achar um guia turístico desta cidade de fácil acesso e na hora que você precisa. Aí entra a campanha da cadeia de fast-food, em busca de lucros com a praça específica de Belo Horizonte. De forma inteligente, percebe-se que homenagear a cidade torna o consumo do sanduíche mais agradável. A experiência de se comer dois pães e carne não se distingue, em princípio, por conta do lugar onde você o compra. Contudo, diferenciar o produto é uma prática mais antiga do que a prostituição (se é que não nasceu com a mesma…).
Portanto, ao vender um sanduíche (bem privado) com uma folha de papel destas, com uma propaganda da cidade, agrega-se à experiência de consumo um certo valor que, imaginam os donos do boteco, aumentará suas vendas. Bem, não estou eu aqui falando bem da propaganda?
Voltando ao hambúrguer…
Pois é. Eu pensei até em voltar hoje para comer um outro hambúrguer deles, mas não sou tão fã assim do consumo diário de McDonald’s. Mas fica aqui o exemplo, a evidência (talvez a milésima, neste blog) de que bens públicos podem ser produzidos de forma eficiente pelo setor privado. Eu diria, neste caso, até mais eficientemente do que o setor público municipal sequer poderiaimaginar alcançar um dia.
Antes de me despedir, eu me pergunto: burocratas, sempre tão invejosos dos sucesso alheio (dentro ou fora de seu mundinho, a repartição), adoram sabotar a concorrência com um papo furado muito bonito de “proteção às crianças, índios, animais domésticos, mulheres, etc”. Papinho bem ruim mesmo. Mas, às vezes, há até uma boa justificativa para tal, embora raramente me pareça ser a regra seguida por eles. Eu me pergunto quando vão proibir a cadeia de fast-food de produzir informações turísticas porque “apenas o fazem pelo lucro”.Como se os burocratas não maximizassem nem mesmo seu orçamento…
